NEGAÇAS ESTÁTICAS

Introdução

Tanto nas dormidas como nas imediações do local onde estamos a armar, todos nós, caçadores de pombos, já presenciámos grandes aglomerações de torcazes pousados. Nestas situações, com a devida atenção, percebemos que a grande maioria dos pombos se encontram na periferia da rama, pousados na copa de forma quase estática. Se é verdade que alguns levantam de uma árvore para a outra, ou mesmo da copa para o chão se se estiverem a alimentar, a maioria encontra-se normalmente parada, isto é, estáticos.

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FOTO 2 a                                                             Pombos pousados

Pela razão exposta, os pombeiros, no seu afã de montarem uma armação o mais apelativa possível para o seu objecto de caça, os torcazes, de modo a reproduzir com a maior fidelidade possível a situação acima transcrita, desde cedo utilizaram pombos mortos ou, mais tarde, negaças artificiais, para os chamar.

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Pombos pousados no chão a comer

A Caça

Todos os que caçam pombos torcazes sabem que no início da caça, até ao final do mês de Novembro, com os pombos de entrada, é muito mais fácil trazê-los à armação, bastando para isso meia dúzia de espanholas e um ou dois pombos de vara. Nesta altura, não é tão relevante a colocação de negaças estáticas. A partir do início de Dezembro até ao final da caça, acontece o contrário. Só os caçadores com mais técnica conseguem ter êxito.

As grandes concentrações que ocorrem em Dezembro, primeiro, e depois, devido ao facto de já estarem muito atirados, em Janeiro e Fevereiro, fazem com que os torcazes se tornem muito desconfiados, entrando muitas vezes mal à armação. Nesta altura, já viram muitas espanholas e pombos de vara. Importa, por isso, aperfeiçoar a técnica.

Sobretudo em Dezembro mas também nos meses que se seguem, os torcazes procuram, essencialmente, pousar onde se encontram as grandes concentrações de pombos, ao invés de um pombo de vara e uma ou duas espanholas no ar, situação em que o “movimento e a força” da armação são mínimos. É um contra-senso pensar que um bando de mil ou dois mil torcazes, já repetidamente atirados, vai cair com facilidade num local onde se encontram um ou dois pombos a “chamar”. Assim, nestes meses, quem pretenda ter êxito, tem de incrementar o número de pombos de vara, que podem chegar a quatro ou cinco, sobretudo verticais, pois são determinantes para dar movimento ao chamariz, e ainda colocar um número importante (não inferior a dez) de negaças estáticas no chão, se se tratar de zona de comida, ou, de forma muito mais apelativa e com muito melhor resultado, nas árvores em que estamos a armar. São estas que permitem que os torcazes entrem francamente, em grande número, à armação, pois é isso que eles estão habituados a ver nessa altura do ano e não um ou dois pombos isolados.

A técnica

Dependendo do local onde estamos a armar, poderemos optar por colocar negaças estáticas no chão, nas árvores, ou ainda por uma solução mista. O seu número deverá ser o maior possível, devendo depender apenas de uma análise custo benefício, isto é, dado tratar-se de uma tarefa que envolve esforço e dispêndio de tempo, a partir de um certo número, deixa de compensar. Por esta razão importa que a metodologia que utilizamos na sua colocação seja o mais expedita possível.

A maioria das negaças nas árvores deverá estar orientada de bico ao vento e deverá estar posicionada quase verticalmente, pois uma inclinação diferente da que é natural poderá ter o efeito contrário, pois passará a ser semelhante a tudo menos a um pombo torcaz.

FOTO 4 a Negaças na árvore

As negaças

Como já referido, as negaças poderão ser constituídas por pombos torcazes anteriormente abatidos, ou por negaças artificiais.

FOTO 5 a Pombos abatidos

Os pombos mortos têm a vantagem óbvia de não poderem causar o efeito contrário ao desejado, isto é, não espantam, embora, para isso, tenham de ser de muito boa qualidade (não estarem nem desfeitos nem em putrefacção) e têm de ser colocados na posição correcta. Pelo contrário, existem vários aspectos negativos que, no nosso entender os tornam piores que os artificiais:

• Nem sempre são fáceis de obter, pelo menos logo no início da caçada;

• Por vezes temos pombos, mas estão com a plumagem em condições tão deficitária que não podem ser utilizados;

• Degradam-se ao sol;

• São fáceis de colocar no solo, mas muito difíceis de colocar em condições na copa das árvores.

Pela razão exposta, limitamos a sua utilização ao solo, em frente do abrigo, em dias não muito quentes e colocados à medida que os vamos abatendo, em armações próprias, muito práticas, no chão (ver foto).

As negaças artificiais existentes são de diversos tipos, pelo que as desvantagens de umas, tal como as vantagens, não são comuns a todas.

Se pensarmos em pombos de plástico, os mais utilizados, então observamos imediatamente a sua grande vantagem: a facilidade de colocação. Através da técnica que se explica no parágrafo seguinte, podemos colocar dez ou vinte pombos, na copa de uma árvore, em cerca de dez minutos. Esta vantagem é comum a todas as negaças artificiais.

Pela negativa, estes pombos de plástico, para além de perderem a cor facilmente em contacto uns com os outros, também a perdem se estiverem em contacto com água, pelo que basta uma pequena chuvinha, para deixarem de ser semelhantes aos torcazes e não poderem cumprir a sua missão. No entanto a sua pior característica tem a ver com o facto de brilharem muito ao sol, o que faz com que possam facilmente espantar os torcazes. Existe uma versão destes artificiais com uma cobertura aveludada, baça, mas que, para além de serem substancialmente mais caros, perdem essa cobertura com muita facilidade pelas mesmas razões acima expostas.

Recentemente, apareceram umas negaças artificiais em borracha de neoprene que constituem uma enorme melhoria neste campo, vindo mesmo revolucionar a caça com negaças estáticas. Estes artificiais são muito mais resistentes do que os seus congéneres em plástico, não brilham tanto (sobretudo ao fim de algum tempo de utilização) e são fáceis de colocar. Pela negativa apenas de referir o facto de serem um pouco mais caras e um pouco mais pesadas. São indiscutivelmente a nossa opção.

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Negaças em neoprene

Com o mesmo objectivo, de referir ainda a existência de pombos embalsamados, montados com uma armação em arame. Seriam de longe a solução ideal se não fosse o seu elevado custo.

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Pombo embalsamado

A colocação

Tal como referido, os pombos abatidos vão sendo colocados diante do abrigo de modo a que se assemelhem o mais possível a pombos pousados no solo a comer. Existem duas formas adequadas e práticas de o fazer. Ou são deitados no chão com o pescoço esticado e suportado por uma armação em arame, ou, preferivelmente, são colocados numa armação em arame que os envolve completamente e que permite regular a sua altura ao solo. Este aspecto é muito importante, sobretudo se aquele for muito irregular ou estive coberto por erva ou palha.

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Suporte em arame para posicionar a cabeça

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Armação para colocação de pombos abatidos no solo

A colocação dos artificiais na copa das árvores também pode ser conseguida de forma muito prática. Para isso temos de colocar o nosso pombo em neoprene numa armação metálica com um contra-peso (ver figura) e depois colocar o conjunto na copa, pendurado num ramo, através da utilização de uma vara com um tipo de cilindro oco na extremidade (ver foto). Em dez minutos está o trabalho feito. Esta é também a forma de colocar os pombos na copa das árvores.

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Suporte metálico para colocação de artificiaiss na copa

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Vara extensível para colocação das negaças

Conclusão

Consideramos que a colocação de negaças estáticas permite tornar a nossa armação muito mais apelativa, sendo relevantes ou mesmo imprescindíveis para quem pretende ter êxito na caça aos pombos com vara, sobretudo, a partir de Dezembro.

A armação deverá ser complementada com dez a quinze negaças artificiais colocadas, da forma que foi referida, nas árvores, e ainda, caso possível, com dez ou quinze pombos torcazes, anteriormente abatidos, no chão, em frente do nosso abrigo.

Atrevam-se a experimentar e, tal como nós, vão ficar adeptos duma técnica que funciona tão bem, que muitas vezes os torcazes entram à armação vindos “do nada”, sem que tenhamos dado por eles previamente.

Boas caçadas.

 

Contribuições encerradas.